quarta-feira, 1 de abril de 2009

Calçadas

(João andava sobre o preto-branco entrecurvado de Copacabana. João andava muito bacana sobre os paralelepípedos da orla larga.)
Foi ali, no sumoutrora, no velho antro daquela quioscada, que João encontrou Maria toda esguia e magra e santa. A moça Maria pegou com ousadia a mão de João tão feia oportuna. João, o negro, Maria, a alva, crianças calvas olhando o mar quando chega na praia. João Maria João Maria, o preto no branco o branco no preto cariocado, crescidos do enfado de lado a lado caminhar na calçada.
João casou! Maria estudou! Com o “bota abaixo”- João favelado. E a dor-revelia da França trop fria, a rica manceba tirou doutorado.
(João andava sobre o preto-branco entrecurvado de Copacabana. João andava muito bacana sobre os paralelepípedos da orla larga.)
Joãos s’ erigia do amor de lembranças que guarda as calçadas de vastas passadas. João calçada João calçada João calçada... calçada calçada.



(Flávio Cavaca)

Nenhum comentário: